O CAMINHO MAIS FÁCIL OU O MAIS JUSTO?

É muito fácil aprovar uma lei que reduz a maioridade penal numa manobra inconstitucional, horas depois dela ter sido rejeitada.

É muito fácil jogar mais gente nas cadeias e penitenciárias, já superlotadas.

É muito fácil seguir o senso comum - que nesse caso não passa de um senso de revanche, de vingança - apoiar essa medida sem refletir profundamente sobre tudo o que esta questão, em sua amplitude, enseja.


É muito fácil usar um discurso pseudo-existencialista e limitar a discussão a uma mera questão de ''escolha'', argumentando que só entra no crime quem quer, e ignorar toda uma outra série de questões que aí estão envolvidas.

Difícil é entender que decisões, quando baseadas em emoções, como ódio, vingança, medo e insegurança, são isentas de qualquer criticidade ou embasamento lógico e factual, e seus danos são maiores que seus benefícios.

Difícil é enxergar que nosso sistema jurídico brasileiro é falho, ineficiente, racista e elitista. Basta lembrar dos jovens brancos, de classe média, que em 1997, queimaram vivo o índio Gaudino, nunca foram punidos. Mas isso não aconteceu porque eles eram menores, mas porque eles não eram nem pobres, nem negros, nem desfavorecidos. Afinal, há décadas nossas ''FEBENs'' estão lotadas de jovens de origem pobre, em sua grande maioria negros, filhos de pais analfabetos ou semi-analfabetos, oriundos de periferias.

Difícil é entender que existem questões mais urgentes a tratar, como, por exemplo, a precariedade de nosso sistema prisional ou penitenciário, e a necessidade não apenas de mais investimentos no setor, mas de um profunda revolução em sua estrutura, de modo a redefinir o seu papel.

Difícil é entender que é no abismo socioeconomico brasileiro - e tudo o que ele engendra - que estão as reais causas da criminalidade e violencia.

Difícil é entender que a cidadania verdadeira é, entre outras coisas, reconhecer que bandido bom é bandido julgado com justiça, punido, se for cullpado, e RECUPERADO. Afirmar, como muitos fazem, que ''bandido bom é bandido morto'', é uma demontração de incivlidade, bárbárie e incapacidade crítica.

Em suma, fácil é seguir o rebanho. Difícil é ousar pensar fora dele.

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