A PRESERVAÇÃO DO PATRIMÔNIO
[OU COMO EU SUBMETI O PATRIARCALISMO AO MATERIALISMO HISTÓRICO DIALÉTICO POR INTERMÉDIO DE UMA ANÁLISE ETIMOLÓGICA]
A palavra "matrimônio" tem origem nos radicais latinos mater, que significa "mãe", e monius, sufixo formador de substantivos abstratos, indicando estado, caráter, função, ou papel, bem como uma qualidade pessoal. Além disso, ela segue o mesmo modelo lexical da palavra "patrimônio". Sendo assim, matrimônio significaria "qualidade materna" ou "caráter materno", patrimônio significaria "qualidade ou caráter paterno".
Porém, se pensarmos bem, veremos a noção de patrimônio está ligada à noção de herança, a qual, por seu turno, se relaciona com a ideia de hierarquia familiar, na qual patrimônio é passado de pai para filho, geração após geração.
Já o conceito de matrimônio está ligado à um outra noção de herança, a qual, por seu turno, se relaciona com a determinado aspecto das ideias de família e de hierarquia familiar, na qual matrimônio é o meio de garantir, através da concepção de uma linhagem, a sucessão de herdeiros por da qual o patrimônio é passado de pai para filho, geração após geração.
O conceito de patrimônio, portanto, abarca tanto os bens materiais e as riquezas, quanto o bem genético, ou seja: o sangue e os genes dos patriarcas devem se perpetuar pelos séculos.
O conceito de matrimônio, portanto, e por seu turno, coloca a mulher como instrumento cujo corpo é usado para gerar novos descendentes, permitindo a criação de uma linhagem de sucessores por meio dos quais os patrimônios material e genético do patriarca se perpetuarão pelos séculos.
O conceito de patrimônio possui, assim uma verticalidade no tempo por se estender entre indivíduos de diferentes gerações, enquanto o conceito de mãe é dotado de uma horizontalidade neste mesmo tempo por se estender sobre indivíduos de uma mesma geração.
E neste processo, a mulher é, dentre os descendentes gerados, aquele considerado de menor valor e, portanto, digno de ocupar o mesmo status de uma propriedade, sendo assim, por meio do matrimônio, transformadas em patrimônio de outro homem, para servir à linhagem de outro patriarca.
Não é à toa que no ocidente, durante muitos séculos, as heranças só eram transmitidas do pai para os filhos. A filha que porventura não se casasse, ficava à mercê da boa vontade de algum irmão. Até mesmo as mães viúvas poderiam se ver na rua da amargura pois era dado aos filhos herdeiros o direito de se apossar do patrimônio logo que atingissem a maioridade.
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