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Mostrando postagens de julho, 2017

REVOLUCIONÁRIOS X REACIONÁRIOS

Os reacionários da direita brasileira, encabeçados por gente como Bolsonaro, Olavo de Carvalho, Kim Kataguiri, Luis Felipe Pondé e Marco Antonio Villa, querem comparar o torturador Ustra com revolucionários como Che Guevera ou Marighella. Marighella e Che não torturaram ninguém, nem desapareceram com nenhum corpo. Marighella e Che não mataram porque essa era sua profissão, como Ustra. Che e Marighella não eram funcionários do terror, como Ustra, não trabalhavam para a repressão, nem em prol da manutenção de um regime opressor. Che e Marighella eram homens comuns, civis, que se tornaram revolucionários, que foram levados a pegar em armas por viver em um regime opressor e por decidir lutar contra a opressão. Che fuzilou contra-revolucionários e colaboradores da ditadura de Fulgêncio Batista. Matou homens em combate quando lutou em Cuba, no Congo, na Tanzânia e na Bolívia. Nunca torturou ninguém nem sumiu com seus corpos. Lutava contra a opressão do povo pelos lacaios do imperialismo nort

Quais são, para Lenin, as relações entre a ditadura do proletariado e a democracia?

" Inspirando-nos em tudo o que precede, podemos determinar de forma mais precisa as transformações que a democracia sofrerá durante a transição do capitalismo para o comunismo. A sociedade capitalista, considerada nas suas mais favoráveis condições de desenvolvimento, oferece-nos uma democracia mais ou menos completa na República democrática. Mas essa democracia é sempre comprimida no quadro estreito da exploração capitalista e, por isso, sempre permanecerá, no fundo, a democracia de uma minoria, apenas para as classes possuidoras, apenas para os ricos. A liberdade na sociedade capitalista continua sempre a ser, mais ou menos, o que foi nas repúblicas da Grécia antiga: uma liberdade de senhores de escravos. Os escravos assalariados de hoje, em consequência da exploração capitalista, vivem de tal forma acabrunhados pelas necessidades e pela miséria que nem tempo têm para se ocupar de “democracia” ou de “política”; no curso normal e pacífico das coisas, a maioria da população enc

REFORMAS BURGUESAS OU DEMOCRÁTICAS?

O caráter burguês do governo Temer se expressa pelas características das reformas que ele, desde então, pôs em prática. São reformas que atendem exclusivamente aos interesses da burguesia, porque tocam unicamente naquilo que a mantém, isto é, a exploração do proletariado, bem como nos pontos no qual essa exploração se sustenta (e amortecem, ou não, os impactos dela sobre o proletariado), que são ela a reforma trabalhista e a reforma da previdência. A reforma trabalhista atende exclusivamente aos interesses da burguesia, porque muda as regras sobre quem trabalha, por quanto tempo trabalha, quanto deverá receber, quando poderá tirar férias - ou vendê-las - e quais outros direitos lhes serão outorgados. A reforma da previdência atende exclusivamente aos interesses da burguesia, porque muda as regras sobre até que idade trabalha, por quanto tempo deverá trabalhar até se aposentar, quanto deverá pagar para se aposentar, quanto receberá quando se aposentar, e, inevitavelmente fazendo-o t

SOBRE AS COTAS RACIAIS

Os programas de distribuição de renda (esse é o nome certo) como Bolsa Família são medidas de curto prazo que tem tido grande eficiência no combate à miséria extrema e à fome. No entanto, como medias de curto prazo que são, são também imediatistas, e precisam ser acompanhadas de transformações mais profundas, como ampliação do acesso e melhoria da qualidade da educação, e geração de empregos. A alienação na qual grande parte da população ainda se encontra é consequência precariedade da Educação básica pública, o que se reflete no comodismo político, e ambas fazem parte de um projeto de poder burguês. Porém, é preciso lembrar quem "já está de barriga cheia" tem forças para lutar e fazer a necessária revolução. Como Marx afirmava, a revolução do proletariado depende de que as condições materiais para a derrocada da burguesia estejam dadas. Além disso, a política de cotas não legitima nem faz apologia do preconceito racial, nem tampouco afirma que o negro seja inferior. Ela

SOBRE MITOS E TRAGÉDIAS

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Quando vejo os defensores de Bolsonaro tentando defender o seu "mito", usando fotos dele com homossexuais, negros e com sionistas (colocados ali como se fossem judeus) no intuito de negar ou refutar as acusações de que ele seria homofóbico, racista e fascista, me lembro daquelas fotos que todo político, em época de campanha e com intuitos eleitoreiros, tira com criancinhas pobres no colo e comendo em restaurantes populares, carregando seus bandeijões e tentando interagir com o povão. Lembro também daquelas fotos de Hitler entre amigos no Berghof, rindo, passeando com sua esposa Eva Braum, às vezes dando a mão à alguma criança ariana, ou "fofamente" acompanhado de seu cão pastor. Lembro também do real significado da palavra "mito", isto é, sua origem no termo grego "mythos", que diz respeito às primitivas narrativas baseadas na oralidade e que não se orientavam numa visão racional do mundo: os mitos gregos de Édipo, Narciso ou Sísifo, por exempl

ESCOLA SEM PARTIDO?

O projeto de lei "Escola sem Partido", que já foi aprovado nos estados de Alagoas e Amazonas, foi a razão do encontro, em 2016, entre o Ministro da Educação e o ativista reacionário, astro de pornô gay e estuprador confesso, Alexandre Frota. Esse projeto de lei pretende punir professores que "opinarem" em sala de aula, além de proibir a abordagem de assuntos como política, diversidade religiosa e diversidade sexual. É fruto de grupos políticos conservadores e reacionários que obtém apoio exatamente entre as parcelas ignorantes, manipuladas e acríticas da sociedade. Alegam que educação nacional estaria contaminada pela ideologia comunista e pregam a necessidade de uma escola livre de qualquer ideologia. Interessante a relação que esse fato guarda com o que ocorreu na Europa, especialmente na Itália, no começo do século XX. O Fascismo, segundo alguns dos maiores especialistas no assunto, como Emilio Gentile, Stanley Payne e Roger Griffin se constitui em uma ideolo

MERCANTILISMO E ABSOLUTISMO

        Qual é a relação existente entre o Mercantilismo, entendido como conjunto de idéias e práticas político-econômicas surgida entre o Feudalismo e o Capitalismo, e o Absolutismo, por sua vez definido como uma re-elaboração de um aparelho feudal de dominação das massas camponesas?          Em termos gerais, pode-se afirmar que no regime Absolutista, os recursos do Estado, como matérias-primas, bens manufaturados, e o capital financeiro, eram controlados – como tudo o mais – pela monarquia. As atividades econômicas dependiam da produção e comercialização de matérias-primas, como o algodão, a lã, o arroz, o açúcar, dentre outros. O direito de produção e/ou exploração destes recursos eram convertidos ou transformados em monopólios, que a monarquia concedia (vendia, na verdade) à uma minoria, chamada de burguesia financeira. Desse modo, os recursos financeiros – isto é, o capital – daí oriundos não eram de modo algum repassados ao povo, ficando sob o controle da realeza. Assim, o pod

PESQUISA, CIÊNCIA E CONHECIMENTO CIENTÍFICO

Apesar do conhecimento não ser uma capacidade exclusivamente humana, o diferencia aquele obtido e produzido pelo do homem é o nível de complexidade que este é capaz de atingir. Este conhecimento humano é, por sua vez, múltiplo podendo ser classificado em: científico, filosófico, popular e religioso. O conhecimento científico, especificamente, apesar da ausência de consenso acerca de sua definição, é uma denominação que pode ser aplicada a todo conhecimento que: • É fruto de questionamento a uma área do saber; • Se origina de procedimentos transmissíveis e compartilháveis; • Se expõe ao questionamento e à refutação; Para dizer, cientificamente, o que é o conhecimento científico, é preciso, antes, estabelecer as diferenças entre ele e os demais tipos de conhecimento, a começar pelo conhecimento vulgar ou popular, também chamado de senso comum. Na vida quotidiana do homem, em diferentes tempos e espaços, estes dois conhecimentos sempre coexistiram, mesclando-se, com maior predominânc

REVOLUÇÃO INGLESA: CARACTERÍSTICAS E CONSEQUÊNCIAS

Inicialmente, cabe deixar claro que a Revolução Inglesa é uma denominação genérica dada ao conjunto de acontecimentos que, juntos, levaram à uma profunda transformação das estruturas políticas, econômicas e sociais da Inglaterra no século XVII, mas que não deve ser confundida com a Revolução Industrial, ocorrida também na Inglaterra, mas no século seguinte. De modo sucinto, podemos relacionar tais acontecimentos, seguidos de suas características e consequências, do seguinte modo: • A GRANDE REVOLUÇÃO (1640-1642)    Parlamento Longo X Monarquia Absolutista • REVOLUÇÃO PURITANA     Anglicanismo X Puritanismo/Calvinismo • GUERRA CIVIL (1642-1648)    Parlamento Longo X Monarquia Absolutista               apoiado pelos apoiada pelos           Puritanos Anglicanos e Católicos • REPÚBLICA DE CROMWELL (1649-1658)    Criação do Exército Revolucionário (New Model Army)    Surgimento da ideologia política radical dos Niveladores    Prisão e execução do Rei Carlos I    Proclamação da República Se

A PRESERVAÇÃO DO PATRIMÔNIO

[ OU COMO EU SUBMETI O PATRIARCALISMO AO MATERIALISMO HISTÓRICO DIALÉTICO POR INTERMÉDIO DE UMA ANÁLISE ETIMOLÓGICA ] A palavra "matrimônio" tem origem nos radicais latinos mater, que significa "mãe", e monius, sufixo formador de substantivos abstratos, indicando estado, caráter, função, ou papel, bem como uma qualidade pessoal. Além disso, ela segue o mesmo modelo lexical da palavra "patrimônio". Sendo assim, matrimônio significaria "qualidade materna" ou "caráter materno", patrimônio significaria "qualidade ou caráter paterno". Porém, se pensarmos bem, veremos a noção de patrimônio está ligada à noção de herança, a qual, por seu turno, se relaciona com a ideia de hierarquia familiar, na qual patrimônio é passado de pai para filho, geração após geração. Já o conceito de matrimônio está ligado à um outra noção de herança, a qual, por seu turno, se relaciona com a determinado aspecto das ideias de família e de hierarquia

PODE O CAPITALISMO SER ÉTICO, JUSTO E NATURAL?

O economista Ludwig von Mises, expoente maior da Escola Austríaca, rejeitando as teorias marxistas da luta de classes e da exploração do proletariado pela burguesia, afirmava que, para explicar a evolução, organização e funcionamento das sociedades humanas, era preciso observar o comportamento dos seres (não apenas humanos) vivos e a partir daí inferir conclusões axiomáticas. A principal conclusão a qual chegaríamos, segundo Mises, seria a de que todo ser vivo procura obter o máximo de benefício com o mínimo de esforço. Influenciando por Mises, Richard Pipes, outro crítico de Marx, afirmou em defesa da propriedade privada que o marxismo deseja abolir, que “todas as criaturas vivas, das mais primitivas às mais avançadas, para sobreviver, devem ter o acesso ao alimento garantido e, para assegurar esse acesso, reivindicam a posse do território”. Confunde, propositalmente e desonestamente, os conceitos de território e propriedade. Ambas as teses são herdeiras do hedonismo de Aristipo de

A PRINCESA E O ZUMBI

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Em Outubro se comemora o Dia da Consciência Negra. Essa data foi escolhida, em vez da Abolição da Escravatura, por coincidir com o dia da morte do líder negro Zumbi dos Palmares, em 20 de Novembro 1695. Sendo assim, o Dia da Consciência Negra procura remeter à resistência do negro contra a escravidão de forma geral, desde o primeiro transporte de africanos para o solo brasileiro, que data do ano de 1549. Ao contrário da visão tradicionalista e branca da História do Brasil que ainda é ensinada em muitas escolas, a abolição oficial da escravidão no Brasil com a assinatura pela Princesa Isabel da Lei Áurea, não foi o ato heróico, humanista e nobre que a muitos fizeram crer. No Chile, a escravidão foi abolida em 1823. No México, em 1829. O Império Britânico fez o mesmo em 1833 em todo o seu domínio. A França em 1848. Os EUA seguiram o mesmo caminho em 1865, após a Guerra de Secessão. Cuba extinguiu a escravidão em 1886. O Brasil - como sempre, retardatário - só o fez em 1888, apó

EM DEFESA DA FAMÍLIA TRADICIONAL?

A tão falada defesa da família tradicional tem sido a principal bandeira defendida pelas vertentes mais conservadoras - e porque não dizer, reacionárias - de nossa sociedade. Porém essa, como as demais bandeiras defendida por eles, é notadamente desprovida de sólida fundamentação lógica, factual e racional. A tal família tradicional, composta pelas figuras do pai, da mãe e dos filhos, já, há muito tempo, não é predominante. O Censo de 2010 mostrou que, hoje, os casais sem filhos, as pessoas morando sozinhas, famílias homoafetivas, mães sozinhas com filhos, pais sozinhos com filhos, amigos morando juntos, netos morando com avós, famílias mosaico, constituem a maioria, formando 19 laços de parentesco. A formação clássica, casal com filhos, deixou de predominar. Segundo dados do IBGE representam, em 2010, 49,9%. Há 30 anos atrás, eram 75%. O último Censo mostra ainda que o número percentual de casais sem filhos passou de 14,9%, em 2000, para 20,2%, em 2010, considerando o total de fam

ABORTO: PROIBIR OU LIBERAR?

Amo crianças, sou professor há mais de uma década, tenho paixão pelo minha sobrinha, pelos meus 3 irmãos adotivos e pelos filhos dos meus primos e amigos, mas ainda sim sou à favor da legalização ou descriminalização do aborto. Primeiramente, é preciso entender que a questão não é ser contra ou favor do aborto, porque independente da opinião que qualquer um possa ter - e da proibição existente em lei - ele continua sendo feito. A questão é ser a favor ou contra que mulheres pobres e em situação de vulnerabilidade social continuem morrendo em decorrências de abortos realizados de modo precário, por não poder arcar com os custos das clínicas clandestinas. Sou à favor que o aborto deixe de ser considerado crime, porque essa é uma questão de saúde pública que, em se tratando de um Estado que é Laico, não pode continuar sendo tratado no âmbito de uma moralidade claramente calcada em valores cristãos. Cabe dizer aqui que os únicos países que registraram queda nos índices de aborto são aq

HUMANO, DEMASIADO HUMANO!

Hoje me peguei pensando no sentido da palavra "desumano". É uma palavra usada frequentemente para se referir à atos de violência e brutalidade - que, para muitos, tem se tornado algo cada vez mais comum nos dias atuais. A decaptação de mais de 20 cristãos pelos terrorista do Estado Islâmico, por exemplo, foi um ato classificado como hediondo, horrendo e desumano. E o que dizer do estupro? Seria algo considerado desumano? E o infanticídio, o matricídio, o patricídio, o fraticídio.. seriam também atos desumanos? E o simples homicídio, seria também? Mas por que classificamos como desumanos estes atos considerados imorais, assombrosos, se nós, humanos, os praticamos com tanta frequência e por tantos séculos? Será mesmo que o aquilo que nos faz cometer estas violências é algo inato ao homem? Consideramos estes atos desumanos porque nos julgamos superiores, seres sociais, civilizados, capazes de conviver harmônica e pacificamente com seus semelhantes, sem que nada o coaja, po

FALÁCIAS DO PÓS-MODERNISMO E DO IDENTITARISMO

Sou militante de esquerda e ativo defensor da lutas das minorias, como negros, LGBTs e mulheres, mas percebo que está faltando senso dialético quando os assuntos são ''apropriação cultural'', "lugar de fala", "protagonismo" e "vivência". APROPRIAÇÃO CULTURAL Turbantes são usados na península Indiana e no Oriente Médio, em regiões onde hoje situam-se países tão diversos quanto a Arábia Saudita ou o Sri Lanka, e por grupos étnicos tão distintos como os árabes, os persas, o yazidis, os hindus, os pashtuns, dentre outros. Não surgiram na África, ainda que fossem usados amplamente no continente. A própria palavra "turbante", etimologicamente, tem sua origem no termo persa "dulband", ou no termo turco "tülbent". Dreds, por sua vez, não foram inventados pelos jamaicanos adeptos do Rastafarianismo. Foram encontrados dreds em múmias descobertas no Peru, datadas de 200 a 800 d.C., e no México, datadas dos séculos X