HUMANO, DEMASIADO HUMANO!
Hoje me peguei pensando no sentido da palavra "desumano". É uma palavra usada frequentemente para se referir à atos de violência e brutalidade - que, para muitos, tem se tornado algo cada vez mais comum nos dias atuais.
A decaptação de mais de 20 cristãos pelos terrorista do Estado Islâmico, por exemplo, foi um ato classificado como hediondo, horrendo e desumano. E o que dizer do estupro? Seria algo considerado desumano? E o infanticídio, o matricídio, o patricídio, o fraticídio.. seriam também atos desumanos? E o simples homicídio, seria também?
Mas por que classificamos como desumanos estes atos considerados imorais, assombrosos, se nós, humanos, os praticamos com tanta frequência e por tantos séculos? Será mesmo que o aquilo que nos faz cometer estas violências é algo inato ao homem?
Consideramos estes atos desumanos porque nos julgamos superiores, seres sociais, civilizados, capazes de conviver harmônica e pacificamente com seus semelhantes, sem que nada o coaja, pois julgamos que isso é o natural do ser humano.
Consideramos tais atitudes desumanas porque julgamos a violência algo primitivo, comum aos animais, não evoluídos (numa perspectiva científica) ou destituídos de alma (numa perspectiva cristã). A contradição, neste ponto, é que entre o animais a homossexualidade já foi verificada em mais de 60 espécies, e em nenhuma delas existe homofobia. Os animais - claro - são capazes de atos violentos e agressivos, contudo, quando o praticam, seus motivos são a sobrevivência, seja capturando uma presa, seja para se defender de alguma ameaça. Animais não matam ou ferem um outro apenas por ser diferente.
Por isso, indago: será mesmo a violência um ato desumano? Não seriam estes atos violentos e tenebrosos mais humanos do que quaisquer outros? Ora, é inegável que a sociedade humana atingiu os patamares atuais graças ao uso indiscriminado da força: contra a natureza, subjugando-a, explorando-a, esgotando-a; contra outros povos, subjugando-os, massacrando-os, escravizando-os...
Todos os dias jornais mostram cenas de violência e contam histórias de agressão, muitas vezes explorando de modo sensacionalista as mazelas e tragédias humanas. O resultado? Altos índices de audiência.
Indivíduos como Datena, Ratinho, Marcelo Rezende - e tantos outros - são exemplo de quem alcançou a fama por meio da exploração midiática da desgraça alheia. Mas os verdadeiros culpados, meus caros, são os senhores e as senhoras de bem, pais de família, que sentados em seus sofás assistem esses programas. A banalização da violência é culpa da cada uma de nós.
Mas engana-se quem pensa que a violência hoje é maior que nos tempos passados. O homem hoje comete tantos cimes como nossos antepassados em tempos mais ou menos remotos. A diferença, meus caros, é a exposição pública (televisiva, virtual) dessa violência. Somos violentos desde a caverna.
Me intriga que a violência explicitada dia a dia nos canais de tv, seja em jornais, seja em novelas, não gere tanto desconforto ou incomodo como causou hoje o beijo entre duas mulheres no primeiro capítulo de uma novela. Me espanta porque cenas de casais heterossexuais em cenas ainda mais libidinosas não provoquem metade da reação moralista da parcela mais conservadora e retrógrada de nossa sociedade.
Caetano disse no verso da canção Sampa que "narciso acha feio o que não é espelho" e esse verso me veio imediatamente à mente quando li o texto acima citado. Isso porque, o caminho acima tomado, em minha opinião, constitui-se numa fuga, numa forma negação, numa construção "subterfúgica".
Fácil é reconhecer-me homem como todos os homens, enxergar os outros homens como semlhantes, quando as qualidades destes estão em evidência. Difícil é aceitar essa semalhança quando os defeitos (os montros, os demônios), emergem e vêm à tona.
Por isso, talvez seja mais nobre - apesar de, para alguns, mais doloroso - reconhecer-se homem e passível das mesmas falhas que quaisquer homens, quando confrontados com o que de pior os homens podem fazer. E assim, colocar-se mais vigilante de si próprio e mais ciente de seus abismo e dos nosferatus que neles habitam.
Sou homem sim, como todos os homens, e, sendo humano, demasiado humano, sou capaz da mais sublime arte ao mais tenebroso ato de barbárie. Reavaliar a si mesmo e assumir seu lado mais irracional e civilizado, mas não para exalta-lo e sim para melhor controla-lo. Não é possível dominar ou frear aquilo que há em nós se dele não temos consciência.
Então, ao final, concluir que Narciso não gosta é do lado obscuro e deformado de si mesmo que o espelho lhe revela. Mas é preciso olha-lo fixamente e dizer-lhe: daí não sairás jamais e todo o esforço colocarei no intento de impedir que sua miragem venha a materializar-se.
O que podemos concluir disso, se o amor choca mais à alguns homens do que a violência? Bom, meus caros, eu concluo que, se há algo raro e incomum à humanidade - e portanto desumano -, essa coisa é o amor. Uma outra talvez ainda mais rara - porque pressupõe que haja amor em abundância - é a tolerância e a capacidade de aceitar e acolher a diferença.
Encerro essas minhas considerações aqui, tendo mais dúvidas do que certezas em minha mente, e mais tristeza do que gozo em minha alma perante tais constatações. A reflexão profunda faz-se cada vez mais urgente entre todos nós.
A decaptação de mais de 20 cristãos pelos terrorista do Estado Islâmico, por exemplo, foi um ato classificado como hediondo, horrendo e desumano. E o que dizer do estupro? Seria algo considerado desumano? E o infanticídio, o matricídio, o patricídio, o fraticídio.. seriam também atos desumanos? E o simples homicídio, seria também?
Mas por que classificamos como desumanos estes atos considerados imorais, assombrosos, se nós, humanos, os praticamos com tanta frequência e por tantos séculos? Será mesmo que o aquilo que nos faz cometer estas violências é algo inato ao homem?
Consideramos estes atos desumanos porque nos julgamos superiores, seres sociais, civilizados, capazes de conviver harmônica e pacificamente com seus semelhantes, sem que nada o coaja, pois julgamos que isso é o natural do ser humano.
Consideramos tais atitudes desumanas porque julgamos a violência algo primitivo, comum aos animais, não evoluídos (numa perspectiva científica) ou destituídos de alma (numa perspectiva cristã). A contradição, neste ponto, é que entre o animais a homossexualidade já foi verificada em mais de 60 espécies, e em nenhuma delas existe homofobia. Os animais - claro - são capazes de atos violentos e agressivos, contudo, quando o praticam, seus motivos são a sobrevivência, seja capturando uma presa, seja para se defender de alguma ameaça. Animais não matam ou ferem um outro apenas por ser diferente.
Por isso, indago: será mesmo a violência um ato desumano? Não seriam estes atos violentos e tenebrosos mais humanos do que quaisquer outros? Ora, é inegável que a sociedade humana atingiu os patamares atuais graças ao uso indiscriminado da força: contra a natureza, subjugando-a, explorando-a, esgotando-a; contra outros povos, subjugando-os, massacrando-os, escravizando-os...
Todos os dias jornais mostram cenas de violência e contam histórias de agressão, muitas vezes explorando de modo sensacionalista as mazelas e tragédias humanas. O resultado? Altos índices de audiência.
Indivíduos como Datena, Ratinho, Marcelo Rezende - e tantos outros - são exemplo de quem alcançou a fama por meio da exploração midiática da desgraça alheia. Mas os verdadeiros culpados, meus caros, são os senhores e as senhoras de bem, pais de família, que sentados em seus sofás assistem esses programas. A banalização da violência é culpa da cada uma de nós.
Mas engana-se quem pensa que a violência hoje é maior que nos tempos passados. O homem hoje comete tantos cimes como nossos antepassados em tempos mais ou menos remotos. A diferença, meus caros, é a exposição pública (televisiva, virtual) dessa violência. Somos violentos desde a caverna.
Me intriga que a violência explicitada dia a dia nos canais de tv, seja em jornais, seja em novelas, não gere tanto desconforto ou incomodo como causou hoje o beijo entre duas mulheres no primeiro capítulo de uma novela. Me espanta porque cenas de casais heterossexuais em cenas ainda mais libidinosas não provoquem metade da reação moralista da parcela mais conservadora e retrógrada de nossa sociedade.
Caetano disse no verso da canção Sampa que "narciso acha feio o que não é espelho" e esse verso me veio imediatamente à mente quando li o texto acima citado. Isso porque, o caminho acima tomado, em minha opinião, constitui-se numa fuga, numa forma negação, numa construção "subterfúgica".
Fácil é reconhecer-me homem como todos os homens, enxergar os outros homens como semlhantes, quando as qualidades destes estão em evidência. Difícil é aceitar essa semalhança quando os defeitos (os montros, os demônios), emergem e vêm à tona.
Por isso, talvez seja mais nobre - apesar de, para alguns, mais doloroso - reconhecer-se homem e passível das mesmas falhas que quaisquer homens, quando confrontados com o que de pior os homens podem fazer. E assim, colocar-se mais vigilante de si próprio e mais ciente de seus abismo e dos nosferatus que neles habitam.
Sou homem sim, como todos os homens, e, sendo humano, demasiado humano, sou capaz da mais sublime arte ao mais tenebroso ato de barbárie. Reavaliar a si mesmo e assumir seu lado mais irracional e civilizado, mas não para exalta-lo e sim para melhor controla-lo. Não é possível dominar ou frear aquilo que há em nós se dele não temos consciência.
Então, ao final, concluir que Narciso não gosta é do lado obscuro e deformado de si mesmo que o espelho lhe revela. Mas é preciso olha-lo fixamente e dizer-lhe: daí não sairás jamais e todo o esforço colocarei no intento de impedir que sua miragem venha a materializar-se.
O que podemos concluir disso, se o amor choca mais à alguns homens do que a violência? Bom, meus caros, eu concluo que, se há algo raro e incomum à humanidade - e portanto desumano -, essa coisa é o amor. Uma outra talvez ainda mais rara - porque pressupõe que haja amor em abundância - é a tolerância e a capacidade de aceitar e acolher a diferença.
Encerro essas minhas considerações aqui, tendo mais dúvidas do que certezas em minha mente, e mais tristeza do que gozo em minha alma perante tais constatações. A reflexão profunda faz-se cada vez mais urgente entre todos nós.
Comentários
Postar um comentário