CONFLITO ISRAEL X PALESTINA

Apesar de nossa cultura, herdeira da tradição européia, ser denominada Judaico-Cristã Ocidental, é na Ásia (não na Europa) que nasceram as grandes religiões do planeta, como o Judaísmo, o Cristianismo e o Islamismo (que são religiões monoteístas); e o Hinduísmo, o Budismo, o Sikhismo e o Xintoísmo (que são religiões politeístas). Ásia e Europa, sob o aspecto físico, constituem um único continente, isto é, formam um único bloco de terras emersas. A separação entre os dois é cultural, política e econômica. 
Grande parte dos países asiáticos são subdesenvolvidos (Japão e Coreia do Sul são exemplos de exceções), ao contrário da Europa. No entanto, enquanto a economia européia passa por uma período de crise, é na Ásia que estão alguns dos países com as maiores taxas de crescimento econômico, como China, Índia e Rússia. A Rússia, por sua vez, é uma caso à parte: apesar de ser considerada européia, apenas uma pequena parte de seu território está na Europa, enquanto o restante situa-se na Ásia. Situação semelhante também ocorre com a Turquia.
Judaísmo, o Cristianismo e o Islamismo, aliás, surgiram numa mesma região da Ásia, denominada Oriente Médio, que é uma região historicamente marcada por conflitos (como aquele entre Judeus e Palestinos), cuja origem está na disputa por um território estratégico e rico em recursos minerais, como petróleo.
O conflito entre israelenses (judeus) e palestinos (muçulmanos) é um dos principais e mais antigos conflitos que caracterizam o Oriente Médio.

A relação conturbada dos hebreus (ou judeus) com aquele território é longa, pois remento à presença de grupos na Mesopotâmia, que depois migraram para o Egito, onde foram escravizados por séculos; pois pelo êxodo até a "Terra Prometida", onde o Reino de Israel foi fundando, sendo governado por Saul, depois Davi e Salomão; sucedendo-se posteriormente o cativeiro na Babilônia, seguido de nova libertação, até que o Império Romano domina a região, passando pela trajetória do Cristo histórico e outros líderes rebeldes e/ou messiânicos. No ano 70 a. C. o Império Romano dominava uma grande região, que incluía boa parte da Europa, do norte da África e do Oriente Médio, incluindo aí a região onde hoje se encontra Israel e Palestina.

Interessa-nos, especialmente, o começo da chamada "diáspora", no primeiro século da era cristã. Em represália à revolta de Simão Bar Kokhba, por volta do ano 130 d. C., o imperador Adriano expulsa os judeus da região onde hoje ficam Israel, a Faixa de Gaza e a Cisjordânia, que então passou a ser chamada de Syria Palaestina. Aquela região era reconhecida pelos judeus com Canaã, a "Terra Santa", à qual Moisés guiou o povo hebreu depois da libertação do cativeiro no Egito, mas que havia sido prometida séculos antes por Deus a Abraão depois que ele aceitou sacrifica seu filho Isaque, como prova de fé. Sacrifício este que,como sabemos, foi apenas uma prova de fé pedida por Deus, que depois dispensou Abraão de cumpri-la, poupando seu filho Isaque. De Isaque descendem os irmãos Esaú e Jacó.

Com o passar do tempo e o fim do Império Romano, povos árabes que viviam no entorno acabam ocupando a região, junto com alguns pouco judeus remanescentes que haviam, de algum modo, conseguido permanecer ali. Os árabes que posteriormente viriam a ser chamados de "palestinos" nada tem a ver com a expulsão dos judeus daquela região.

Séculos depois, enquanto o resto do mundo vivia a Segunda Guerra Mundial, ocorre a Grande Revolta Árabe (1936-1939), de motivação nacionalista árabe, contra o domínio colonial britânico e a imigração judaica em massa, na região onde hoje encontram-se a o Estado de Israel e o território da Palestina, que então fazia parte do Mandato Britânico da Palestina.

Essa migração judaica para a região começou com a fundação do movimento Sionista e começo da migração de judeus para a Palestina, movidos pelos lema "A Palestina é uma terra sem povo para um povo sem terra". No entanto, a verdade é que os povos que habitavam aquela região não constituíam um Estado Nacional Soberano, embora houvessem cerca de 350 mil palestinos vivendo há séculos naquela região, assim como cerca de 80 mil judeus..

Ocorre que 1917 o ministro britânico das Relações Exteriores, Arthur Balfour, havia emitido a Declaração Balfour, que previa a criação de um "lar nacional judeu" na Palestina, mas defendendo que os direitos dos povos não-judaicos que viviam lá (como os árabes palestinos) fossem respeitados. A região, naquela época, era controlada pelos ingleses. Porém, em 1919, Arthur Balfour voltou atrás em sua decisão e resolveu criar o Estado Judeu sem levar em consideração os interesses e direitos dos palestinos e mais habitantes não-judeus da região. Ao mesmo tempo, é assinado o Acordo Faysal-Weizmann de cooperação entre árabes e judeus para a criação de uma "Terra de Israel". Além disso, é criado o Emirado Árabe da Transjordânia.



Historicamente, os britânicos, e posteriormente também os estadunidenses, aliados dos judeus sionistas, tem promovido uma limpeza ética com relação aos palestinos naquela região. Basta lembrar que algumas das famílias mais ricas nos EUA (os Rockeffeller) e na Inglaterra (os Rotschild), eram judias. Os britânicos reprimiram com grande força a supracitada revolta no final da década de 1930, enviando entre 25.000 a 50.000 soldados britânicos e 20.000 policiais judeus, de modo que, de acordo com números oficiais britânicos, o exército e a polícia mataram mais de 2.000 árabes em combate, sendo que 108 foram enforcados e 961 morreram por causa de "atividades terroristas". Outros estudos, porém estimam que ocorreram 19.792 baixas para os árabes, com 5.032 mortos (3.832 mortos pelos britânicos e 1.200 mortos por causa do terrorismo) e 14.760 feridos. Mais de dez por cento da população adulta masculina árabe palestina entre 20 e 60 anos foi morta, ferida, presa ou exilada. As estimativas do número de judeus palestinos mortos variam de 91 a algumas centenas.

Em 1947 a ONU aprovou o Plano de Partição da Palestina, que previa a criação de um Estado Árabe para os palestinos (45% do território), e um Estado de Israel (55% do território), para o judeus, sendo que a capital, Jerusalém, seria uma espécie de província autônoma, compartilhada pelas duas nações, mas que ficaria sob controle internacional, com o intuito de evitar conflitos. A Agência Judaica aceitou a resolução, embora não tivesse ficado satisfeita com as soluções propostas para as restrições à imigração judia da Europa e os limites territoriais do futuro estado judeu (menores que os 65% adquiridos durante a ocupação violenta iniciada em 1890). Já os árabes palestinos, assim como os Estados Árabes, não aceitaram o Plano, pois consideraram que a proposta contrariava a Carta das Nações Unidas, segundo a qual cada povo tem o direito de decidir seu próprio destino, e declararam sua oposição a qualquer plano que propusesse a separação, segregação ou divisão do seu país ou que atribuísse direitos ou estatuto especiais e preferenciais a uma minoria. Tendo em vista o impasse, o líder sionista Ben Gurion, um dia antes do término do Mandato Britânico na Palestina, declara a independência de Israel, fundando oficialmente aquele país.



























No ano seguinte, de 1948, ocorreu o Massacre de Ein al Zeitun (uma aldeia árabe de cerca de 800 habitantes), no qual entre 30 e 70 prisioneiros árabes foram mortos pela Palmach (polícia judaica). A maior parte dos aldeões (todos de origem árabe) fugiram durante a matança, e o restante, cerca de 30 a 100 civis com idades compreendidas entre os 20 a 40 foram violentamente expulsos depois. Contrariando as resoluções da ONU, a Agência Judaica se precipita e declara a independência de Israel, criando o seu "Estado Judeu" na região. Os vizinhos Transjordânia, Egito, Síria e Líbano, em apoio ao Palestinos, declaram guerra a Israel, dando início à Guerra Árabe-Israelense, que, no mesmo ano termina, com a assinatura do Tratado de Rodes.

É quando, em 1959, é criado pelo então engenheiro civil Yasser Arafat, o grupo Fatah, de resistência à ocupação judaica na região. Cinco anos depois, o Fatah se juntaria a outras organizações para formar a OLP (Organização pela Libertação da Palestina). Contudo, em 1967 tem início a ofensiva de Israel contra os inimigos árabes da região, chamada de Guerra dos Seis Dias, na qual os israelenses, com apoio militar dos EUA, conquistam uma grande parte dos territórios árabes.

Em retaliação à opressão judaica, um grupo de revoltosos palestinos invade, em 1972 o hotel onde atletas israelenses estão hospedados durante as Olimpíadas de Munique, sequestrando a matando alguns atletas. Uma ação desastrada do serviço secreto de Israel terminou na morte dos atletas e seus sequestradores. No ano seguinte teve início a Guerra do Yom Kippur (feriado judeu do Dia do Perdão) ou do Ramadã ( mês no qual os muçulmanos praticam o seu jejum ritual), quando tropas do Egito e da Síria lançam um ofensiva contra Israel, deixando, ao todo, entre 2 mil e 8 mil mortos. Armados pelos EUA e apoiado pelos países membros da OTAN, Israel vence as forças árabes e conquistas novos territórios.

Na década seguinte, em 1982, Israel invado o Líbano, o que levou à morte de 20 mil libaneses, e acontece o Massacre nos campos de refugiados árabes e libaneses de Sabra e Shatila (foto acima), no qual soldados judeus e cristão falangistas mataram cerca de 3.500 civis, na grande maioria crianças, mulheres e idosos. Em 16 de dezembro de 1982, a Assembleia-Geral das Nações Unidas condenou o massacre declarando-o um ato de genocídio. Esse massacre levou à criação, no Líbano, do grupo Hezbollah, nesse mesmo ano. 

Impedidos de ter um exército, sem armas e com muitos de seus rebeldes presos ou mortos, em 1987 os palestinos inciam a Primeira Intifada (ou "Guerra das Pedras") territórios ocupados pelos israelenses, com a população civil palestiniana atirando paus e pedras contra os militares israelitas. Nesse mesmo criado o grupo palestino Hamas (que significa "zelo").


Somente em 1993, Israel e Palestina, por meio de Yasser Arafat e Yitzhak Rabin, assinam o Acordo de Paz de Oslo, sob a mediação do presidente dos EUA, Bill Clinton, sendo criada a Autoridade Palestina, sob o comando de Arafat, mas os termos do acordo jamais foram cumpridos por ambas as partes. A intenção era o reconhecimento do direito do estado de Israel existir e uma forma de dar fim ao terrorismo.

Contudo, em 1995 os planos de paz são frustrados quando o primeiro-ministro de Israel, Yitzhak Rabin, é assassinado por um militante de extrema-direita judeu (israelense, portanto), que era contra qualquer acordo com os palestinos.


Desde então os EUA vetaram, no Conselho de Segurança da ONU, 42 propostas de criação de um Estado Palestino na região. Israel, além de manter sua política de ocupação dos territórios palestinos por meio de assentamentos fortemente militarizados, tem também destruído plantações de oliva e limão centenárias dos palestinos e construído um muro quilométrico (foto acima) separando as áreas por eles ocupadas daquelas nas quais os palestinos ainda resistem.


 OUTRAS QUESTÕES IMPORTANTES:
Quando o choro e a indignação são eurocêntricos, isto é, choram por um atentado terrorista na França, mas não dão a mínima importância aos atentados terroristas ocorridos em países Africanos, por exemplo, como Quênia (onde mais de 200 estudantes foram assassinados em abril) e a Nigéria (onde 2 mil pessoas foram mortas numa série de ataques em janeiro), é preciso questionar sim.
Quando a comoção é seletiva e tem ares de elitismo cultural, é importante sim a problematização. Terrorismo não é apenas quando grupos de radicais islâmicos atacam países europeus e norte-americanos. A Síria está em guerra civil desde 2009 e os grupos rebeldes era financiados pela França Reino Unido, EUA, e esses mesmo rebeldes é que se alistaram a grupos como EI/ISIS, Frente Al-Nusra e Boko Haram.
Os atentados terroristas que tem acontecido na França são fruto do terrorismo de Estado que ela e outras potencias ocidentais vem praticando há décadas no Oriente Médio e norte da África, com interesses puramente econômicos. Eles derrubam governos, financiam grupos armados, bombardeiam cidades, com o único intuito de assegurar para si o controle de reservas de petróleo, gás natural, urânio, etc.
O grupo EI (abreviação para Estado Islâmico do Iraque e do Levante / Levante = Síria) é formado por muçulmanos sunitas, que adotam uma interpretação fundamentalista do Alcorão e da Sunna, e defendem a implementação de um Califado, o extermínio dos infiéis por meio da jihad e a adoção da Sharia como sistema legal.
Desse modo, não há presença do EI nos territórios pertencentes aos palestinos, que são a Cisjordânia e a Faixa de Gaza. Os grupos paramilitares (que o ocidente prefere denominar de ''terroristas'') palestinos que lutam contra Israel são as Brigadas dos Mártires de Al Aqsa (que são um braço armado do partido Hamas), e as Brigadas Izz ad-Din al-Qassam (que são um braço armado do Fatah ou OLP).


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