BOLSONARO É O QUÊ?

Nas eleições de 2014, Ciro Nogueira, presidente do partido de Bolsonaro à época, o PP, ligou para Bolsonaro dizendo que iria depositar R$ 300 mil em sua conta bancária. Era dinheiro de "Caixa 2", não declarado ao TRE, e portanto, configurando também prática de corrupção. 

Bolsonaro concordou, mas pediu que depositassem R$ 200 mil na conta dele e R$ 100 mil na conta de seu filho, Carlos Bolsonaro. Quando viu o depósito havia sido feito pela Friboi (que pertence à JBS), Bolsonaro depositou novamente o dinheiro na conta do partido (em vez de devolver para a Friboi). 

Então o partido, com esses 200 mil em caixa, re-depositou na conta de Bolsonaro. O nome disso é "Lavagem de Dinheiro", e também configura corrupção.

Bolsonaro é Deputado Federal pelo Rio de Janeiro há mais de 20 anos (entrou em 1991), e as únicas coisas que ele fez foi colocar os filhos na política e contratar a esposa e a ex-esposa para seu gabinete. Nunca aprovou nenhum projeto de autoria sua, nessas décadas de parlamentar. Empregar parentes em cargos públicos, como colocar esposa e ex para trabalhar em seu gabinete, configura prática de "Nepotismo", que também é considerado corrupção.

Adilson Barroso, presidente do Patriotas (antigo PEN), revelou estar "aliviado" com a saída de Bolsonaro de seu partido, há poucos dias.

Bolsonaro havia se filado ao PSC em março de 2017, após deixar seu antigo partido, o PP (2005–2016), mas, em novembro passado, deixou-o para se filiar ao então PEN. Atualmente, Bolsonaro encontra-se filiado do PSL, mas também foi membro do PFL (2005–2005), do PTB (2003–2005), do PPB (1995–2003), do PPR (1993–1995), novamente do PP (1993–1993) e ao PDC (1989-1993), onde começou.

Barroso também afirmou que fez "das tripas o coração para tê-lo" no partido, mudando o nome, alterando o estatuto e concedendo "mais de 20 diretórios para o grupo dele". 

Dentre as mudanças no estatuto da legenda exigidas por Bolsonaro, além da adoção do nome "Patriotas" (coisa que ele diz ser, mas não é), há uma que impede alianças com partidos de esquerda, por exemplo.

Além disso, Bolsonaro estaria tentando "dar um golpe" dentro do partido: "Você não pode ser convidado para entrar em uma casa e depois querer tomar ela inteira para você, expulsando seus moradores originais", desabafou Barroso.

Bolsonaro alega ser um patriota. O conceito de "Patriotismo" tem origem no grego "patriotes" (patrício), e pode ser definido como sendo o sentimento de amor, devoção e orgulho à pátria, bem como seus símbolos, isto é, a bandeira, o hino, o brasão, o mitos históricos, as riquezas naturais e patrimônios material e imaterial, dentre outros. 

Porém, apesar de Bolsonaro posar em diversas fotos com a bandeira nacional ao fundo, ou bradar que "a nossa bandeira jamais será vermelha", ele não demonstra de fato amor e devoção aos diferentes símbolos nacionais. Com relação à bandeira dos EUA e do Império, contudo, a devoção é mais nítida.

Quanto aos mitos históricos, demonstra a pretensão de criar novos quando tenta impor uma narrativa fascista sobre o período militar na qual o regime é descrito como salvador e revolucionário, e figuras como Costa e Silva, Médice, Ustra e Fleury são enaltecidas, alçadas à condição de heróis.

Em dezembro do ano passado, Bolsonaro esteve em Manaus, onde afirmou que o Brasil precisa buscar parecerias com países "democráticos" como os Estados Unidos para a exploração de nossos recursos naturais (já que para ele as estatais deveriam ser privatizadas) e assim "salvar ao menos parte da Amazônia". Em entrevista ao youtuber Nando Moura, ele defendeu aberta a entrega da Amazônia aos Estados Unidos.

Ou seja, ele diz que para salvar a Amazônia é preciso explora-la mais, inclusive dentro das terras indígenas já demarcadas, como a dos Ianomâmis, que, segundo ele, "poderiam se tornar novos países dentro do Brasil", ameaçando a soberania nacional caso resolvessem se separar. Cabe menção o interessante fato de que, com relação ao movimento "Sul é meu país", a opinião de Bolsonaro é outra.

Questionado sobre os problemas do desmatamento e seus impactos no aquecimento global, Bolsonaro recorreu ao velho discurso malthusiano denunciado por Eduardo Galeano no magistral livro As Veias Abertas da América Latina, defendendo o controle de natalidade e afirmando que "em 2011, tínhamos 7 bilhões de habitantes no mundo. Em 2025, teremos 8 bilhões. A questão desse crescimento populacional explosivo leva a desmatamento. Você não vai plantar soja no terraço do teu prédio nem criar gado no quintal. Temos de ter uma política de planejamento familiar". Bolsonaro, porém, tem 5 filhos.

Logo, para Bolsonaro, o que causa a pobreza, o desmatamento, a extinção de espécies, não é a exploração capitalista, não as desigualdades socioeconômicas, não a propriedade privada dos meios de produção, mas os pobres, por existirem, por se reproduzirem. O refrão "bandido bom é bandido morto", que ele gosta de repetir, na verdade significa "pobre bom é aquele que não rebela, e rebelde bom é o que não nasceu". 

Como afirmava Galeano, “na América latina, é mais higiênico e eficaz matar guerrilheiros no útero do que nas montanhas ou nas ruas”. E Bolsonaro, fã do torturador Ustra, se notabilizou por odiar guerrilheiros, especialmente de esquerda, esses sim, mais que patriotas, defensores da soberania nacional e jamais entreguistas.

Será possível afirmar que Bolsonaro é mesmo um patriota? Será mesmo possível sustentar a afirmação de que ele não corrupto? Como alguém que só possui ódio e frases de efeito ("bandido bom é bandido morto", "direitos humanos para humanos direitos", entre outras patavinas) pode estar preparado para governar um país?

O escritor inglês Samuel Johnson afirmou certa vez que "o patriotismo é um último refúgio do canalha". Com isto ele não estava fazendo uma crítica ao patriotismo em si, mas a alguns patriotas em especial. Especificamente estes "patriotas" - falsos patriotas - que não tem coerência nem mesmo fidelidade ideológica ou partidária, mas usam o patriotismo para ocultar, dentre outras coisas, sua vacuidade e seu oportunismo.

Há ainda a questão das merdas que ele diz o tempo todo.

“Seria incapaz de amar um filho homossexual. Prefiro que um filho meu morra num acidente do que apareça com um bigodudo por aí.” (Jair Bolsonaro em entrevista sobre homossexualidade na revista Playboy em 2011)

“O filho começa a ficar assim, meio gayzinho, leva um couro e muda o comportamento dele.” (Em um debate na TV Câmara, em 2010)

“Mulher deve ganhar salário menor porque engravida. Quando ela voltar [da licença-maternidade], vai ter mais um mês de férias, ou seja, trabalhou cinco meses em um ano.”
(Em entrevista ao jornal Zero Hora, em fevereiro de 2015)

“Quilombolas não fazem nada, eu acho que nem pra procriador servem mais”. (Em uma palestra realizada no 3 de abril de 2017, no Clube Hebraica, no Rio de Janeiro,)

Bolsonaro é, portanto, além de corrupto, machista, misógino, racista e homofóbico, um entreguista-mor, servo dos Estados Unidos.

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