O CAPITALISMO DEU CERTO. PRA QUEM?

Os países europeus e norte-americanos, como Suiça, Alemanha, Canadá, EUA, Inglaterra, Holanda, etc, que hoje gozam de um estado de bem-estar social, no qual as necessidades básicas de sua população são atendidas pelo Estado, só o fazem devido ao seu elevado PNB.

Enquanto o PIB, produto interno bruto, é a soma de todas as riquezas produzidas por um Estado-Nação dentro de seu território, o PNB, produto nacional bruto, adiciona ao PIB as riquezas produzidas pelas empresas transnacionais em territórios de outras nações.

Estas nações, nas quais aquelas multinacionais se inserem e passam a extrair riquezas revertendo o mínimo para a população local, são condenadas ao subdesenvolvimento, por uma exploração capitalista intensiva, extensiva e predatória, cuja origem remete, no caso da América Latina, ao início da colonização europeia, iniciada a mais de 500 anos atrás.

A Nestlé, por exemplo, uma das maiores transnacionais do ramo alimentício cuja sede se localiza em Vevey, Vaud, na Suíça, tem como subsidiárias a Garoto, a Hagen-Daaz, a Maggi, a Nescau, dentre outras marcas altamente consumidas mundo afora. Seu valor de mercado é de US$ 239,6 bilhões, e seu faturamento anual é de aproximadamente US$ 89 bilhões. A título de comparação, o PIB de Burkina Fasso, da África, é US$ 16,561 bilhões anuais.

No entanto, a maior parte do cacau utilizado pela Nestlé na produção de seus chocolates, por exemplo, vem de países africanos que empregam mão de obra escrava e infantil em suas lavouras, como mostra o documentário O Lado Negro do Chocolate (The Dark Side of Chocolate, 2010), disponível no Youtube.

Contudo, de sua produção, 20% são consumidos na Europa, 61% nas Américas (sendo 26% só nos EUA), 16% na Ásia e 21% no resto do mundo, incluindo a África. Ou seja: as milhares de crianças tiradas de suas famílias, de camponeses expulsos de suas terras, no Mali, em Burkina Fasso, em Gana e na Libéria, para trabalhar em lavouras monocultoras de cacau na Costa do Marfim, provavelmente nunca comeram nem nunca comerão um chocolate produzido a partir do cacau que eles colheram sob condições tão desumanas.

O caso de Burkina Fasso é exemplar ao explicitar como a burguesia internacional age para manter territórios sob seu controle. Em 1984, após a independência do domínio francês, o país foi governado pelo revolucionário marxista e pan-africanista Thomas Sankara. Durante os 4 anos em que foi presidente do país ele implementou com sucesso programas que reduziram a mortalidade infantil, aumentaram as taxas de alfabetização e a freqüência escolar, aumentaram o número de mulheres que ocupam cargos governamentais; se esforçou para abolir os privilégios tribais, baniu as mutilações genitais, os casamentos forçados e a poligamia; promoveu campanhas contraceptivas e vacinações infantis; além de, para combater a desertificação que assolava grandes áreas do país, plantou 10 milhões de árvores. Porém, em 15 de outubro de 1987, Sankara foi assassinado em um golpe de Estado comandado por Blaise Compaoré, com o apoio dos EUA e da França.

O quadro acima descrito, no qual os países menos desenvolvidos e menos industrializados, considerados periféricos no esquema de poder econômico e polítoco global,apenas desempenham o papel de produtores e fornecedores de matérias-primas (soja, cacau, milho, arroz, etc) para as nações mais ricas e poderosas, é elucidativo da Divisão Internacional do Trabalho. É sobre ela que o Capitalismo Globalista Financista, Liberal e Monopolista se sustenta.

E há quem insista em dizer que o Capitalismo deu certo. Resta saber pra quem.

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