SIM, FOI GOLPE

No desfile das campeãs do carnaval carioca, Temer (PMDB) proibiu que o destaque da escola fantasiado de Vampiro Neoliberal usasse a faixa presidencial. A TVBrasil, canal controlado pelo palácio do planalto, as alas com os manifestoches e com as carteiras de trabalho não foram mostrados.

Temer decretou intervenção militar no RJ e disse que ela só vai terminar quando a Reforma da Previdência for aprovada. Entre outras coisas, a Reforma da Previdência fará que nós trabalhadores só possamos nos aposentar depois dos 65 anos de idade. Temer se aposentou como senador aos 55. Temer, Bolsonaro e os que defendem a intervenção na Rocinha dizem que é preciso combater o bandidos e o tráfico de drogas. Será que só nos morros, nas favelas, nas periferias existem bandidos e traficantes?

Cerca de 5 anos atrás um helicóptero com mais de 1 tonelada de pasta-base de cocaína foi apreendida em um helicóptero do senador Zezé Perrella (PMDB-MG) quando este estava pousado em uma fazenda do senador Aécio Neves (PSDB-MG). Só o piloto do helicóptero foi preso.

No ano passado a Operação Patmos da Polícia Federal gravou uma conversa entre o senador Aécio Neves o senador Zezé Perrella. Na conversa Aécio repreendia Zezé sobre uma entrevista que ele havia dado, reclamando que ele deveria tê-lo defendido em suas declarações. Zezé reclama que até hoje sofre com o caso do helicóptero e diz que não faz nada de errado, "só trafica".

Em 2009 a polícia encontrou um laboratório para refino de drogas em uma fazenda no município de Pontalinda, a 587 km de SP. Foram encontrados um tambor de leite com cocaína, dezenas de quilos de crack e muita munição. A fazenda pertencia Aloysio Nunes (PSDB), atual senador, que foi vice de Aécio na chapa das eleições de 2014.

Sem falar nas relações entre Aécio, Aloysio e Perrella com o PCC de São Paulo, a maior facção criminosa da América Latina, da qual Alexandre de Moraes, que virou ministro do STF indicado por Temer, foi advogado por anos. A Intervenção Militar no RJ é uma ajuda de Temer para eliminar os principais adversários do PCC paulista: o Comando Vermelho carioca.

Mas, para os manifestoches, para os imbecis que pediram "Fora Dilma", para os idiotas manipulados pela direita, para os tolos enganados pela Globo, pela Veja e pelas mentiras espalhadas pela internet (como aquela que diziam que Lulinha era dono da Friboi), o problema é o PT, o inimigo é Lula, a culpa é da esquerda.

Para esses manés, que a escola de samba Paraíso da Tuiuti representou com perfeição, Dilma foi mesmo derrubada e Lula foi condenado para combater a corrupção. Não foi. Foi um Golpe no qual a direita e as elites derrotadas na urnas derrubaram uma presidente democraticamente eleita para, dentre outras coisas, impedir que as investigações da Polícia Federal pegassem políticos de direita e para coloca-los no poder.

A prova maior de que tudo não passou de um golpe tramado e executado com estas intenções são os áudios de conversas entre o ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado e os senadores Romero Jucá (PMDB-RR) e Renan Calheiros (PMDB-AL), no qual eles falavam de fazer um "grande acordo com o Supremo, com tudo" para parar a Lava Jato e impedir que ela investigasse políticos do PSDB e do PMDB, delimitando as investigações apenas sobre o PT.

Agora, os golpistas e manifestoches, os Bolsominions e defendores do projeto fascista "Escola sem Partido", estão dizendo que os cursos sobre o Golpe de 2016, ministrados pela UnB e pela Unicamp são inaceitáveis. Inaceitável é essa farsa chamada "Escola sem Partido". O que eles, reacionários e direitistas querem é uma escola que aliena, que forma apenas mão de obra acrítica para aceitar ser explorada e para não reivindicar direitos.

Inaceitável é essa intervenção autoritária e eleitoreira no RJ. Inaceitável é o perdão da dívida de 25 Bilhões do Itaú, de mais de 220 milhões do Santander, de mais de 300 milhões dos ruralistas. Inaceitável é o mesmo governo que concede esses perdões alegue que exista um rombo na previdência e queira aprovar uma reforma na qual nós, classe trabalhadora, só poderemos nos aposentar depois dos 65 anos. Inaceitável é vender à Shell parte do pré-sal dando a ela isenção fiscal até 2040, deixando de arrecadar 1 trilhão de dólares.

Inaceitável é essa intervenção militar no Rio de Janeiro colocada em curso por Temer com intuitos eleitoreiros. O que ele deseja é conquistar a simpatia e os votos daquela parcela reacionária da sociedade brasileira que desde 2014 clama por intervenção militar, que ajudou a derrubar Dilma, que apoiou o Golpe de 2016, que é elitista, racista e que odeia os pobres. A judoca Rafaela Silva, campeã olímpica, denunciou nas redes sociais o racismo do qual foi vítima em uma abordagem policial no Rio de Janeiro. Foi atacada nas redes sociais pelos direitistas e defensores do Golpe e de Bolsonaro, que a acusaram de vitimismo. Essa mesma turma que parcela reacionária e golpista da sociedade acusaram Rafaela de estar se vitimizando. Estes, se morassem, nos EUA, seria membro da Ku Klux Klan. Se vivessem no século XX seria contra o fim da escravidão e chamaria os abolicionistas de petralhas esquerdopatas comunistas.

Quando o assunto é a invasão de residências nas favelas cariocas para realizar buscas sem autorização judicial, essas mesmas pessoas, morando em bairros onde a intervenção não se faz presente, dizem que "quem não deve não teme". Dizer, isso é ignorar conscientemente o princípio legal da presunção de inocência, segundo o qual toda pessoa é inocente até que se prove o contrário. A lei determina que só com mandato judicial é que se pode entrar e vasculhar a casa de alguém e ignorar isto é jogar por terra as poucas garantias legais que nos separam de um Estado de Exceção.

Defender as propostas de Temer (intervenção militar) ou de Bolsonaro (metralhar os morros) é presumir que seja nos morros, nas periferias, que estejam os verdadeiros traficantes. Duvido que os militares estejam planejando dar buscas nas casas do Leblon ou de Copacabana, com ou sem mandato. E ainda que fossem, duvido que tratariam os moradores desses bairros de elite com a mesma truculência que tratam a população preta, pobre e periférica.

Além disso, os traficante das favelas não têm grana, nem helicóptero, nem "contatos", para trazer toneladas de pasta-base de cocaína da Colômbia ou de maconha do México. Os que fazem isso (Aécio Neves, Aloysio Nunes, Zezé Perrella, Blairo Magi) e são os verdadeiros bandidos, não são incomodados pela polícia ou pelo exército.

A proibição de drogas como a maconha é um equívoco que não trouxe nenhum benefício para a humanidade. Está ligada tanto ao lobby das indústrias e latifúndios de fibra de algodão, que viam no cânhamo (fibra extraída da canabis) usado pelos imigrantes mexicanos uma ameaça aos seus negócios, bem como das indústrias farmaceuticas, já que o THC, substância encontrada nesta erva, tem se mostrado eficiente no tratamento da depressão, da ansiedade, da hiperatividade, do mal de Parkinson e como auxiliar no tratamento do câncer.

A criminalização, que data da metade do século XX, apenas criou uma dinâmica social que coloca policial para matar o povo preto/latino/indígena, pobre, explorado e periférico, enriquecendo as indústrias bélicas, que lucram vendendo armas para os governos no mercado oficial, e para os traficantes no "mercado negro".

Comentários

  1. Tá. Mas foi golpe pq? Você não apresentou nenhum embasamento jurídico, nem político a respeito do impeachment. Que a oposição naquele momento fazia coisas anti-republicanas é fato, mas, gostaria que vc pontuasse onde vc viu golpe no processo.

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