YANKEE, GONNA HELL!

Final da década de 1970. A Guerra Fria ou Ordem Mundial Bipolar era o paradigma que definia as relações políticas, econômicas e geopolíticas internacionais. Depois da fracassada intervenção militar no Vietnã, os EUA, tentando evitar a proliferação do comunismo pelo mundo, optam por financiar grupos com as mais diversas orientações ideológicas, desde que eles combatam os comunistas em seus países.

No Afeganistão eles fornecerão armamentos para os "mujihadeens" (o nome deriva de Jihad, que significa "guerra santa"). Estes eram apenas o braço armado dos "Talibãs" (que significa "estudioso"), grupo extremista que defende uma interpretação fundamentalista do Corão.

Esse apoio bélico, no entanto, será feito às escusas, por meio de traficantes de armas sauditas, jordanianos e israelenses recrutados pela CIA. Dentre esses mujihadeens há um saudita, filho da família bin Laden, uma das mais ricas da Arábia Saudita e que, nos anos 1980 realizará investimentos em empresa de petróleo, incluindo a do jovem George W. Bush.

No começo da década de 90, aquele saudita fundará o grupo terrorista Al Qaeda e se declarará inimigo dos EUA, depois que este país recusa sua proposta de armar os sauditas para que estes enfrentassem o líder iraquiano Saddan Hussein, quando ele invadiu o Kuwait em agosto de 1990.

Saddan, aliás, havia chegado ao poder no Iraque no final dos anos 1970, apoiado pelos EUA, pela França e pela Inglaterra. Saddan era a resposta destas potências à Revolução Islâmica idealizada pelo líder iraniano Aiatolá Khomeini, que pretendia unir todos os povos árabes para combater a presença ocidental, especialmente a estadunidense, no Oriente Médio. A Guerra Irã x Iraque se estenderá de 1980 até 1988.

A ascenção de Khomeini, um clérigo muçulmano, ao poder no Irã é também consequência da intervenção das potências ocidentais, interessadas em petróleo, na política e na economia daquele país. Em 1941, em plena Segunda Guerra Mundial, os britânicos forçam o Xá Reza Pahlevi, então governante do país (que se chamava Pérsia) a renunciar, depois que este declara apoio ao nazistas. Em seu lugar quem assume o trono é seu filho, Mohammed Reza Pahlevi. Impopular e autoritário, em 1951 ele é pressionado por revoltas populares a adotar um forma de monarquia parlamentarista.

Como primeiro-ministro é nomeado o social-democrata e nacionalista Mohammed Mossadegh. Amplamente apoiado pelo povo iraniano, ele dá início a um processo de nacionalização dos poços e das refinarias de petróleo, então sobre controle britânico. As manifestações passam a pedir a expulsão dos britânicos e a deposição do Xá, que se exila na França. Em 1953 a marinha britânica ocupa os portos iranianos e um embargo econômico é imposto ao país, que fica impedido de vender seu petróleo. Os EUA colocam em ação a CIA através da Operação AJAX, financiando grupos de oposição a Mossadegh e, com apoio de parte das forças armadas e das elites locais, perseguem os militantes de esquerda e por fim derrubam Mossadegh em um golpe de estado. Preso, ele morre na prisão em 1967, vítima de câncer.

Novamente no poder, o Xá inicia a Revolução Branca, perseguindo sem piedade seus opositores. Milhares são presos, torturados e mortos pelos agentes da SAVAK, espécie de DOPS iraniano. Em 1978 novas revoltas eclodem. O Xá responde com mais repressão, massacrando cerca de 90 manifestantes no que ficou conhecida como a Sexta-feira Negra. A situação piora até que em 1979 o Xá é derrubado e o Aiatolá Khomeini, líder xiita, principal voz da oposição ao Xá, volta do exílio na França e é recebido pelo povo.

Esses são apenas alguns exemplos de como as intervenções dos EUA em outros países sempre desencadeiam consequências danosas e como as justificativas dadas para essas intervenções (como "levar a democracia" ou "defender os direitos humanos") são sempre mentirosas. Hoje eles defendem a invasão da Venezuela usando as mesmas desculpas fajutas, depois de mais de uma década agindo incansavelmente para desestabilizar a economia e a política do país, fazendo de tudo para derrubar e difamar Chavez e depois Maduro. Não se iludam. O que eles querem é poder e petróleo.

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