GLEISI HOFFMAN TERRORISTA?

Em abril de 2017 a presidenta do PT, Gleisi Hoffman, deu uma entrevista à rede de TV árabe Al Jazeera, falando sobre a perseguição política sofrida pelo ex-presidente Lula. A Al Jazeera foi fundada em 1996, em Doha, capital do Catar (ou Qatar), país localizado no continente asiático, na região conhecida como Oriente Médio, que tem sido, desde a Guerra do Golfo, em 1991, um importante aliado dos EUA na região. Bastou para que os analfabetos políticos e anti-petistas, confundissem Al Jazeera com Al Qaeda e acusassem a deputada federal de estar instigando terroristas árabes a atacar o Brasil.

A posição estratégica do Oriente Médio, no intersecção entre Europa, Ásia e África, além de suas abundantes reservas de petróleo, fazem com que ele seja um alvo de disputas intensas na geopolítica global. Talvez seja lá que os Estados Unidos da América (EUA) tenham construído sua maior base militar fora de seu território: a base de Al Udeid, na qual, de acordo com a rede de TV CNN, cerca de 11 mil soldados estadunidenses estão instalados.

Em Al Udeid encontra-se a Abu Nakhlah, a maior pista de aterrissagem da região, com 3,8 km de extensão, próxima ao Golfo Pérsico, e abriga o Centro de Operações Aéreas Combinadas (CAOC), responsável pela supervisão do funcionamento da Força Aérea dos EUA em outros 17 países, como Afeganistão, Síria, Iraque, nos quais o país também instalou bases militares.

Ao todo, até 2017, os Estados Unidos tinham bases em 150 países, com cerca de 300 mil soldados espalhados ao redor da Terra. Ao todo, os EUA possuem mais de 800 bases militares, espalhadas em todos os continentes. No Oriente Médio, além do Catar, os EUA têm tropas estacionadas no Bahrein (que a briga a Quinta Frota), Kuwait, Omã, Emirados Árabes Unidos e Iêmen. Só em torno do Golfo Pérsico, em torno do Mar da Arábia, há 40.000 militares norte-americanos.

Do outro lado da Ásia, nas bases militares do Japão e da Coreia do Sul, os EUA Coréia do Sul mais de 128 mil soldados: 28.500 soldados em em Seul, capital da Coreia do Sul, na base de Yongsan; e 100 mil no Japão, sendo que 50 mil soldados só na base de Okinawa.

Irã e Síria são dois países do Oriente Médio em que os EUA não têm base militar. No Irã, em 1953, os EUA conspiraram e derrubaram, por meio de um golpe militar, o primeiro-ministro Mohammed Mossadegh, na que ficou conhecida como Operação AJAX.

Mossadegh era um parlamentar Iraniano que foi nomeado pelo Xá Mohammad Reza Pahlavi, o monarca que governava o país, depois que grande pressão da população, que estava descontente com seu governo ditatorial. Mohammad foi levado ao trono em 1941 pelos britânicos, que destronaram seu pai, o Xá anterior, depois que este demonstrou inclinação para apoiar a Alemanha Nazista.

Mossadegh, quando se tornou primeiro-ministro, deu início à reformas sociais e políticas que concediam mais direitos à população e diminuía o poder do Xá, e nacionalizava o petróleo iraniano, então sob controle de multinacionais do setor, como a BP ou British Petroleum. Nesse meio tempo, a pressão popular pela renúncia do Xá levou-o a fugir do país, exilando-se na França.

Então os EUA interviram para, por meio de Guerra Psicológica, mobilizar parte da população colocando-a contra Mossadegh e assim dar um Golpe de Estado, recolocando o Xá no Poder. Ele ficaria lá até 1979, quando, após outra Era de ditadura e repressão sob seu poder, o povo novamente se uniu e o derrubou, na chamada Revolução Iraniana.



Foi quando os EUA e Inglaterra, por intermédio da França, ajudaram o muçulmano sunita Saddam Hussein a chegar ao poder no vizinho Iraque, por meio de um Golpe Militar. Depois, em 1980, apoiou a guerra contra o Irã iniciada por ele. O Irã era era governado desde 1979 pelo Aiatolá Khomeini, um muçulmano xiita. A rivalidade entre Xiitas e Sunitas foi usada para explicar o conflito, servindo como véu a cobrir a verdade: tratava-se de uma Guerra por Procuração, na qual os EUA e a Inglaterra usavam Saddam para derrubar Khomeini e reabrir o Irã para que seu petróleo voltasse a ser explorado por multinacionais como a Exxon, a Chevron e a BP.

Atualmente o Irã tem se aproximado e procurado estabelecer econômicas com Rússia e a China, assim como outro país do Oriente Médio cobiçado pelos EUA: a Síria. Este país é governado por Bashar Al Assad, um muçulmano xiita, da vertente alauíta, que realizava um governo Laico e Secular, com grande tolerância religiosa e liberdades sociais, ao contrário de outros países como a Arábia Saudita, por exemplo, onde a lei proíbe mulheres de dirigir e andar sem o "chador".

A Guerra Irã-Iraque acabou tecnicamente empatada em 1988, sem que nenhum dos países fosse invadido e conquistado pelo outro, apesar da morte de Khomeini no mesmo ano. Poucos anos depois, o Iraque que deixaria de ser aliado para se tornar rival dos EUA, depois que Saddam Hussein tentou invadir o Kuwait, outro importante lado seu no Oriente Médio, que faz fronteira também com o Irã, do qual os EUA ainda não desistiram.

Assim como no Catar, os EUA possuem uma base militar no Kwait, chamada Ali Al Salem. O Kuwait produz cerca de 27 milhões de barris de petróleo por dia. As maiores reservas, no entanto, estão na Arábia Saudita, o maior aliado dos EUA na região e maior país do Oriente Médio que, curiosamente, é quase 99% desértico, não possuindo nem um rio em seu território.

Foi na Arábia Saudita, aliás que nasceu Osama Bin Laden. A família Bin Laden é a segunda família mais rica do país. A primeira é a família Al Saud, monarquia que governa do país desde 1902. Osama era foi para o Afeganistão lutar contra os soviéticos no final da década de 1970 ao lado "mujihadeens", que receberam armas e ajuda financeira dos Estado Unidos. Este é outro ótimo exemplo de uma Guerra por Procuração inciada pelos estadunidenses, na qual eles armam radicais islâmicos para combater os soviéticos, como se "terceirizassem" a guerra.

Outro exemplo - este mais recente - deste tipo de guerra é a Guerra na Síria, iniciada em 2011. Al Assad, que tinha amplo apoio da população da Síria, um dos países mais estáveis politicamente do Oriente Médio, passou a ser chamado de "ditador" pela mídia dos EUA e da Europa, após não ceder à pressões norte-americanas para aceitar a proposta de construção de um oleoduto para levar o petróleo da Arábia Saudita para o Mar Mediterrâneo, facilitando seu transporte para América do Norte, França e Inglaterra, por exemplo.

Então os EUA passar a fornecer apoio militar e econômico, por intermédio da Arábia Saudita principalmente, para os grupos "rebeldes" que tentam derrubar Bashar Al Assad. Entre esses grupos estão a Al Qaeda, a Frente Al Nusra (que fazia parte da Al Qaeda) e o ISIS ou Estado Islâmico. Todos os 3 grupos, antes considerados "terroristas" pelos EUA, passam a ser chamado de "rebeldes" que lutam pela "liberdade" contra um "ditador". Todos os 3 são de orientação islâmica sunita, enquanto Al Assad é Xiita.

Mais uma vez, a rivalidade entre Xiitas e Sunitas é usada para explicar o conflito, servindo como véu a cobrir a verdade: tratava-se de uma Guerra por Procuração, na qual os EUA e a Inglaterra usavam Saddam para derrubar Al Assad e abrir a Síria para que o petróleo saudita fosse levado até os navios das multinacionais no Mar Mediterrâneo.

O termo árabe "Al", presente nos nomes Al Assad, Al Saud, Al Salem, Al Udeid, Al Qaeda e Al Jazeera, signifca "a/o" ou "de/da/do". Al Saud é o nome da família real da Arábia Saudita. Al Salem é o nome da base militar dos EUA no Kuwait e Al Udeid o nome da base militar dos EUA no Catar, país que abrigada a Al Jazeera, que significa "da Península" e, ao contrário da Al Qade de Osama Bin Laden, não é um grupo terrorista, mas uma rede de TV de um país árabe que é tudo, menos de esquerda ou comunista, afinal é lá que a maior militar em solo estrangeiro dos EUA está localizada.

Deu pra entender ou vou ter que desenhar?

Leia mais:

Qatar, a casa da maior base militar norte-americana no Oriente Médio:
https://www.rtp.pt/noticias/mundo/qatar-a-casa-da-maior-base-militar-norte-americana-no-medio-oriente_n1006223 e
https://br.sputniknews.com/defesa/201706068578804-base-militar-eua-qatar-oriente-medio-fotos-video/

Estados Unidos têm mais de 800 bases militares em todos os continentes:
 https://br.sputniknews.com/americas/201705068327775-bases-militares-eua-cebrapaz-america-latina/

Kuwait conta com "proteção" dos EUA para seu petróleo:
http://www.bbc.com/portuguese/noticias/2003/030316_kuwaitro.sh

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